ATA DA VIGÉSIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 22.09.1994.

 


Aos vinte e dois dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e noventa e quatro reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e vinte e seis minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Padre Paulo José Scopel, nos termos do Projeto de Resolução nº 11/94 (Processo nº 918/94), de autoria do Vereador Divo do Canto. Compuseram a MESA: Vereador João Dib, presidindo os trabalhos, Doutor Otávio Augusto Simon de Souza, representante da Procuradoria Geral de Justiça do Estado, Senhora Ana Paula Costa, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, Irmão Avelino Madalozzo, representante da Pontifícia Universidade Católica, Padre Olavo Moesch, Pároco da Igreja São Jorge, Padre Paulo José Scopel, Homenageado, Vereador Divo do Canto, na ocasião, Secretário “ad hoc”. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou a todos para, de pé, ouvirem à execução do Hino Nacional. A seguir, concedeu a palavra ao Vereador Divo do Canto que, em nome da Casa, discorreu sobre a vida do Padre Paulo José Scopel, dizendo ter sido ela voltada para a divulgação da fé e para o beneficiamento da população porto-alegrense, salientando, em especial, a luta de Sua Senhoria para a mobilização da comunidade do Partenon na busca do atendimento das principais reivindicações dessa comunidade. Após, o Senhor Presidente convidou a todos para, de pé, assistirem à entrega, pelo Vereador Divo do Canto, ao Padre Paulo José Scopel, do Diploma referente ao Título Honorífico de Cidadão Emérito. Em prosseguimento, concedeu a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. Às quatorze horas e quarenta e sete minutos, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos, convidando os presentes para a Sessão Solene das dezessete horas, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor Pedro João Zaffari. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador João Dib, nos termos regimentais, e secretariados pelo Vereador Divo do Canto, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Divo do Canto, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 


(Obs.: A Ata digitada nos Anais é cópia do documento original.)

 

 


O SR. PRESIDENTE (João Dib): Damos por abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Padre Paulo José Scopel, por proposição do Ver. Divo do Canto.

Solicito que componham a Mesa: o nosso homenageado, Padre Paulo José Scopel; o Exmo. Sr. representante da Procuradoria-Geral de Justiça do Estado, Dr. Otávio Augusto Simon de Souza; a Exma. Sra. representante do Sr. Prefeito Municipal, Sra. Ana Paula Costa; o Exmo. Sr. representante da Pontifícia Universidade Católica, Irmão Avelino Madalozzo; e o Exmo. Sr. Pároco da Igreja São Jorge, Padre Olavo Moesch.

Composta a Mesa, nós vamos ouvir, dando início à Sessão, o Hino Nacional.

 

(O Hino Nacional é executado.)

 

Saúdo todos pela presença e, em especial, os que compõem a Mesa e o nosso homenageado Padre José Scopel, para quem eu quero dizer: o direito nasce do dever. Ao longo de 48 anos o Padre Scopel, de tradicional família caxiense, vem cumprindo o seu dever com a sua coletividade, com os seus paroquianos, distribuindo solidariedade, carinho, compreensão e esperança, porque nós todos, vivemos também de esperança, e recebe, hoje, o Título de Cidadão Emérito, votado unanimente pela Casa, e por inteligente proposta do Ver. Divo do Canto, que em nome de todos os Partidos que representam nesta Casa, vai falar neste momento.

O Ver. Divo do Canto está com a palavra para falar em nome dos 33 Vereadores.

 

O SR. DIVO DO CANTO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os membros da Mesa e demais presentes.) À comunidade católica do Partenon, aqui presente, aos representantes do Conselho de Igreja e a todos os segmentos da Paróquia de São Jorge aqui representados, o nosso agradecimento pela presença neste ato.

Podemos iniciar falando sobre o Padre Paulo, pessoa que conheço há mais de 20 anos e que por 39 anos foi o pároco da Igreja São Jorge, onde iniciou uma pequena capela, hoje, um dos mais bonitos templos de Porto Alegre, localizada na Av. Aparício Borges, esquina com a Av. Bento Gonçalves, de onde sou vizinho.

Sinto-me à vontade para falar sobre o Padre Paulo, sobre a comunidade católica do Partenon, porque participo, conforme posso, da nossa paróquia, dos trabalhos dos nossos paroquianos. Especialmente, acompanhei muito o trabalho do Padre Paulo quando líder comunitário que fui a partir dos anos 77, 78, por dez anos, mais ou menos. Padre Paulo nos deu um apoio muito grande, inclusive de espaço dentro da igreja para que a comunidade ali se reunisse para reivindicarmos solução para os seus problemas junto às autoridades. Muitas e muitas reuniões, muitas e muitas festinhas a comunidade do Partenon fez ali para comemorar as suas reivindicações conseguidas e mobilizar o povo para lutar por nossa comunidade.

Então, o Padre Paulo, além de sua humildade, como homem católico, homem devoto, é um grande ser humano. É uma pessoa que sempre teve um sorriso, independentemente de quem o procurasse ser católico ou não. Subia aquele morro do Partenon a pé. Quantas vezes eu o vi subindo direto à Baía da Conceição, dando apoio a todas as pessoas que precisassem de sua presença! Então, por tantas coisas boas que a gente assistiu do Pe. Paulo, pela organização que ele conseguiu implantar na Paróquia de São Jorge, aí está a prova a todos os Senhores e Senhoras que pertencem à comunidade católica de São Jorge.

Por tudo isso, eu, como Vereador e representante do Bairro Partenon nesta Casa, achei que não havia pessoa que merecesse mais esse Título, neste momento, do que o Pe. Paulo. Portanto, Pe. Paulo, oferecemos o Título com toda a consciência do dever cumprindo, não só para com o seu trabalho, para com sua humildade, sua bondade, mas também para com nossos paroquianos, para com a comunidade partenoense, a quem prestamos a homenagem através desse Título que, no momento, concedemos a Pe. Paulo. A todos vocês o meu muito obrigado e ao Pe. Paulo também. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A seguir, será feita a entrega do Título de Cidadão Emérito ao Padre Paulo José Scopel e, para isso, convido o Ver. Divo do Canto. Solicito que, em pé, assistam a entrega.

 

(Procede-se à entrega do Título.) (Palmas.)

 

O momento importante desta solenidade é este em que nós queremos ouvir a palavra de fé, de orientação e de esperança do nosso homenageado, o Padre Paulo José Scopel.

 

O SR. PAULO JOSÉ SCOPEL: (Saúda os componentes da Mesa.) Nós lemos na Bíblia, no Livro dos Provérbios, cap. 15, versículo 33: “A humildade precede a honra”. Acabo de receber um título, uma honraria. Quando o meu amigo Divo do Canto, perguntou-me um dia se eu queria receber um título, eu lhe respondi: “Não sou disso, não estou acostumado a honrarias”. O Divo retrucou; “É justamente por causa disso que eu quero lhe oferecer o título”. Então que se cumpra o provérbio da Bíblia: “Que a humildade preceda a honraria.” Que este Título que me é conferido não me torne orgulhoso, mas, pelo contrário, que aumente a minha humildade.

O trabalho da minha vida sacerdotal sempre foi exercido na simplicidade e na humildade. Passei a maior parte da minha vida sacerdotal na Paróquia São Jorge, no Partenon, onde exerci o cargo de pároco, por quase 39 anos. Além de atender os fiéis que freqüentavam a igreja matriz, procurei sempre incentivar o serviço da caridade e a promoção humana, por intermédio da Sociedade São Vicente de Paula e da Obra Social São Jorge, a qual promove cursos de corte e costura, trabalhos manuais etc.; e, além disso, ampara e promove um grupo de pessoas idosas.

Dois Clubes de Mães exercem suas atividades nas dependências da paróquia.

Há muitos anos que no salão paroquial se reúne, duas vezes por semana, um grupo de Alcoólicos Anônimos.

Sempre apoiei o importante trabalho da Irmã Nely Capuzzo, na Pequena Casa da Criança, na Vila Maria da Conceição.

Outra vila que recebe ajuda e apoio da Paróquia São Jorge é a Vila São Pedro, situada na Av. Ipiranga, nos fundos do Hospital São Pedro.

Se foi em vista dessas atividades que estou recebendo este Título, quero dizer que nesses trabalhos sempre estiveram a meu lado o Conselho Paroquial, as Associações da Paróquia, as Irmãs da Congregação de São José, os paroquianos em geral. Quero dizer também que com o meu desligamento da paróquia estes trabalhos não paralisaram, mas, pelo contrário, continuam com maior intensidade, estando à frente da poróquia o culto e dinâmico Pe. Olavo Moesch, irmão do ex-Deputado Guido Moesch. Por isto, a honraria deste Título, que me é conferido, deve ser repartida com todos os paroquianos de São Jorge.

Desligado da Pastoral Paroquial, atualmente estou engajado em outra pastoral, a Pastoral Carcerária. Acompanhando uma equipe de mais de 20 pessoas, estou prestando assistência religiosa e caritativa aos presos dos estabelecimentos penais da Capital, aos do Município de Charqueadas e outros.

Além disto, estou coordenando a Pastoral Carcerária das dezesseis dioceses do Rio Grande do Sul e faço parte da equipe nacional da Pastoral Carcerária. Enquanto Deus me der saúde e energia, pretendo continuar prestando assistência religiosa e humanitária aos presidiários que, apesar dos seus erros, eles continuam sendo filhos das nossas famílias e membros da nossa sociedade, filhos de Deus e nossos irmãos. Se eles são pecadores, nós também somos. Se existem tantos presídios e tantas pessoas presas, ao menos em parte, é porque existem muitas famílias desmanteladas que não dão orientação devida a seus filhos e porque vivemos numa sociedade cheia de defeitos e injustiças. Agradeço, pois, à Câmara Municipal de Porto Alegre e ao meu amigo Ver. Divo do Canto, o Título que me foi conferido. Peço a Deus que me ajude a concretizar o provérbio da Bíblia, que “em minha vida, a humildade preceda, sempre à honraria.”

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Como vimos é uma cerimônia extremamente simples, mas, também, simples são todas as coisas bonitas que a vida nos oferece. O Padre Scopel nos ensinou que a humildade precede à honra, mas eu diria que o dever cumprido, especialmente, o dever bem-cumprido precede à honraria e é por isso que esta Casa, pelos seus trinta e três Vereadores, outorgou ao Padre Scopel - ao Padre Paulo como vocês chamam, mas como eu fui criado em Caxias eu chamo diferente - este Título de Cidadão Emérito. Nós entendemos, Padre Scopel, que ao receber este Título, e V. Revma. colocou muito bem, é mais uma razão de pressão, de força para que continue dando o melhor de si para aquelas pessoas que muito esperam do Senhor.

Esperamos que o Senhor fique muito tempo no nosso meio ajudando os seus semelhantes e continuando com a simplicidade, com a humildade que detém, sendo útil a toda coletividade.

Parabéns pelo Título recebido e que o Senhor tenha muita saúde e muita paz e a todos os presentes agradeço a presença.

Declarou encerrada a presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão à 14h47min.)

 

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